Esta Theorica não se emprega em raciocinios, nem em averiguações da cauza dos Fenomenos. Recebe-os das mãos da Experiencia, e sem mais gastar tempo se encaminha logo à practica. Eis aqui os principios, em que se funda.
"A figura da Escavação da Mina he hum paraboloide"Este principio plenamente confirmado por exactas, repetidas, e authenticas experiencias, he o mesmo que Dulacq pertendeo [Página 31] em vão demõstrar por meio do raciocinio, e calculo, e que nos imaginâmos ter mostrado. Se o consegui-mos, ou se tambem trabalhamos debalde, dirâ o Leitor. M. Muller não se detem em averiguar, por que modo, e por que razão isto hé; para dar as Regras da Arte das Minas basta-lhe saber que o hé.
[(a) Notta I]
"Nas Minas feitas em hum mesmo terreno homogeneo o Frustro de Paraboloide ABED , que tem por altura a linha de menor rezistencia estâ sempre na razão da Carga."M. Muller quer provar este principio dizendo
"Que ninguem poderâ dizer q. alguma terra da linha DE para baixo [Página 32] he arrojada para cima pela polvora, q. por consequencia a terra arrojada hé só a de DE para cima, isto hé, o Paraboloide truncado ABED , e que como os effeitos são proporcionaes ás cauzas, estarâ sempre a quantidade de terra arrojada, isto hé o Frustro ABED na razão da quantidade da polvora da carga."Quam pouco exacto hé este raciocinio! quantas objeções tem contra si! 1.o Nem todos concederão que de DE para baixo nenhuma terra sobe para cima. 2.o Quem nos segura que toda a terra de DE para cima hé arrojada pela polvora? Se M. Muller quer que toda a terra de DE para baixo seja somente [ comprimida] Nota16 , porque razão o não serâ tambem, e não arrojada, parte da que fica de DE para sima? 3.o Se o effeito proporcional á cauza fosse nas Minas sómente a terra arrojada, concedendo-lhe que essa terra [Página 33] hé o Frustro ABED então se elle considera essa quantidade de terra determinada logo no primeiro impulso da polvora parece antes dever estar na razão do quadrado do diametro da carga como quer Dulacq. pag. ___ [sic] e se colige facilmente na Theorica da polvora: se porem a considera proporcional á sõma das forças cõmunicadas em todo o tempo, que a Mina rebenta, tambem erra, pois os effeitos da polvora sô são proporcionaes quando os obstaculos, q. move, e os espaços por onde os move, são porporcionaes ás suas quantidades. Esta asserção sô teria lugar nas Minas semelhantes, isto hé, na quellas, cujas cargas estão na razão triplicada das linhas de menor rezistencia.
A verdadeira prova, que M. Muller dá deste principio, he quando mostra que sete experiencias feitas na Escola d'Ártelharia [Página 34] de la Fere correspondem com a mais escrupuloza exactidão aos calculos, que nelle funda.
"Determinar as dimenções, e relações dos Frustros dos paraboloides, ou excavações das Minas, mencionados no II Principio."[Est. 1 Fig 9 e 10] "Seja r
[Página 35]
Seja P o parametro, e como a propriedade da parabole nos dâ P\vezes EG=\delim{AE}^2 , P\vezes FG=\delim{CF}^2 substituidos estes valores na expressão do Frustro teremos em seu lugar esta r\vezes P\vezes\delim{EG}^2 - r\vezesP \vezes \delim{FG}^2 : e como EG = EF + FG substituido este valor de EG se transformarâ esta expressão nesta,
Com este problema se resolvem os tres seguintes, que com os dois Principios forma em suma a Theorica de M. Muller.
"Dado o Frustro, e a linha de menor rezistencia achar o parametro da parabole.""Seja A o Frustro, b a linha de menor rezistencia, p o parametro. Escrevendo pois na equação
, p em lugar de P , b em lugar de EF , e em [Página 37] lugar de FB /conforme as propriedades da parabole/ teremos esta equação e ordenando-a teremos esta , cuja raiz he ___"
Tratando-se somente da comparação dos Sólidos pode-se
deixar
r
de fora, e sendo a linha de menor rezistencia a
mesma se pode deixar hum
b
de fora, ficando então a
equação,
pp+2bp=2A
que dá
"Como temos
A
, e
b
achado
p
pelo
Problema antecedente a propriedade da parabole nos dá
"Chamemos
2a
o diametro da baze teremos
Com estas equações se propoem M. Muller rezolver, e
rezolve todos os problemas, que podem pertencer à Theorica
das Minas, excepto porem hum que não toca, e que sem em-
[Página 39]
bargo disso me parece importantissimo, mas para o rezolver
hé necessario saber achar as raízes das equações, o que se
faz mais geral, e comõdamente pelo
"He necessario igualar a equação à unidade,
de sorte que a equação geral
[(b)
Not. II ]
Nota20
"Reduzindo este valor de
x
a huma serie
infinita darâ
[Página 42]
"Ponha-se a incognita elevada á mais alta potencia
de huma banda, e todos os mais termos da outra de sorte que
a equação se possa comparar com a formula geral
A demõnstração hé a mesma, que a do Problema
antecedente, e se notará da mesma sorte que quanto maior
for o coefficiente a do segudo termo mais convergerâ a serie"
Supposto isto vamos ao nosso cazo.
[Página 43]
Dado o Frustro, e o Raio da base de huã Mina achar a linha
de menor rezistencia.
Por meio das equações
C.
e
E.
podemos ter huma, em
que não aja mais que a incognita
b
/pois
p
tambem o hé
neste cazo/ v. g. excrevendo na equação
E.
em lugar de
p
o
seu valor achado na equação
D.
, temos
Seja o raio igual à unidade, e o Sólido
A
duplo do
Cubo do raio, escrevendo pois
1
em lugar de
a
, e
2
em lugar de
A
, será a equação, cuja raiz se busca
/ordenando-a para ser rezolvida pela regra segunda/
Para vermos se o valor achado hé sufficientemente
exacto, não temos mais do que formar pelo Probl. III o
sólido
A
pois temos o raio
1
, e a linha de menor
rezistencia
1.844
, e se acharâ que differe de Sólido
2
em pouco
[Página 45]
mais de
Seja agora a unidade o diametro da baze, e o Sólido
A
"Dado o Frustro, e a linha de menor
rezistencia achar o diametro da baze."
"Dada a linha de menor rezistencia e
o diametro da baze achar o Frustro."
"Achar a menor raiz de qualquer
equação racional, que não contenha mais
de huma quantidade variavel."
"Achar a maior raiz de huma equação
qualquer racional, que não contenha mais de
huma quantidade variavel."