O Net-Comércio em Portugal - Introdução ao Comércio Electrónico |
O presente documento fornece uma breve introdução ao tema do Comércio Electrónico. Discute a sua natureza, passando pelas suas motivações e categorias constituintes; considera os seus âmbito e impacto; e descreve vários casos práticos, aproveitando para relembrar as questões em aberto e os agentes envolvidos. Em suma, conduzir-se-á o leitor, mesmo que leigo na matéria, pelo contexto desta nova tendência mundial.
Cabe aqui referir, que este documento é baseado no original "An Introduction to Electronic Commerce" do projecto G7: "A Global Marketplace for SMEs".
Uma definição possível de Comércio Electrónico seria: "qualquer tipo de transacção comercial, em que as partes envolvidas interajam electronicamente e não através de trocas ou contactos físicos". Nesta definição estão incluidas as seguintes operações de negócio :
O Comércio Electrónico também abarca uma grande variedade de tecnologias, incluindo :
O Comércio Electrónico pode-se dividir em quatro tipos, como ilustra a figura 1 :
Figura 1 - Tipos de Comércio Electrónico
Um exemplo do tipo negócio-negócio, é uma empresa que use uma rede global (como a Internet) para procurar catálogos de produtos, encomendá-los aos seus fornecedores, receber as facturas e efectuar o pagamento. Este tipo de Comércio Electrónico já se pratica há alguns anos, nomeadamente, usando EDI em redes privadas de valor acrescentado.
A classe negócio-consumidor é a secção de retalho do Comércio Electrónico e tem-se desenvolvido enormemente, devido ao advento da Web. Neste momento, já existem vários centros comerciais na Web, que comercializam todo o tipo de bens de consumo, tais como audio/vídeo, comida, computadores, carros, etc.
A categoria negócio-administração pública cobre todas as transacções entre empresas e estado. Por exemplo, a divulgação e condução de concursos públicos de aquisição nos EUA, já é feita através da Internet; e mesmo o pagamento/devolução de impostos entre empresas e a administração pública, pode ser feita electronicamente. Apesar desta categoria ainda estar na sua infância, pode expandir-se rapidamente, à medida que os governos começarem a usar as suas próprias operações para promover o Comércio Electrónico.
Ainda por emergir, está o tipo consumidor-administração pública. No entanto, a evolução dos dois tipos de Comércio Electrónico anteriores, deverá permitir num futuro muito próximo, o pagamento de contribuições por parte dos indivíduos, e também a devolução de impostos individuais.
O Comércio Electrónico não é nenhum sonho futurista. Desenvolve-se neste momento e com vários exemplos de sucesso. Desenvolve-se a nível mundial - apesar dos EUA, Japão e Europa estarem a liderar esta tendência, o Comércio Electrónico tem um alcance global, tanto em termos de conceito, como de aplicação. Desenvolve-se rapidamente e com tendência para acelerar, à medida que o EDI atinge a maturidade e a Internet/Web continuam a crescer.
O impacto do Comércio Electrónico será profundo, tanto nas empresas, como na sociedade em geral.
Para as empresas que explorarem todo o seu potencial, o Comércio Electrónico possibilita mudanças de fundo - mudanças que alteram tão radicalmente as expectativas comerciais, que chegam a re-definir mercados ou até a criar novos mercados. Todas as outras empresas, incluindo as que preferem ignorar as novas tecnologias, sofrerão as consequências dessas mudanças, perdendo clientes e mercados.
Paralelamente à situação empresarial, os indivíduos também serão presenteados com novas formas de: comprar produtos, aceder a informações e serviços, e interagir com os organismos estatais. As alternativas aumentarão e as restrições geográficas e temporais desaparecerão. O impacto total no nosso modo de vida poderá comparar-se ao provocado no passado, pelo surgimento do automóvel ou do telefone.
Conforme ilustra a tabela 1 e se explica de seguida, o Comércio Electrónico traz várias oportunidades para os fornecedores, e origina benefícios correspondentes para os consumidores.
Os limites do Comércio Electrónico não são definidos geograficamente ou através das fronteiras dos países, mas sim pela cobertura das redes computacionais. E como as redes mais importantes são de natureza global, o Comércio Electrónico permite até ao mais pequeno fornecedor, estabelecer a sua presença e conduzir os seus negócios, no mundo inteiro.
O benefício para os consumidores é uma escolha global - poder escolher produtos ou serviços de todos os potenciais fornecedores, independentemente da sua localização geográfica.
Oportunidades para os Fornecedores | Benefícios para os Consumidores |
---|---|
Presença global | Escolha global |
Maior competitividade | Qualidade do serviço |
Especialização em massa | Personalização de produtos e serviços |
Reduzir/Eliminar cadeias de distribuição | Resposta rápida às necessidades |
Reduções de custos substanciais | Reduções de preços substanciais |
Novas oportunidades de negócio | Novos produtos/serviços |
O Comércio Electrónico permite aumentar a competitividade dos fornecedores, por os "colocar mais próximos" do consumidor. Várias empresas estão a aproveitar esta tecnologia para, por exemplo, melhorar os seus níveis de suporte pré e pós-venda, disponibilizando mais informações sobre o produto, instruções de uso e respostas rápidas às questões dos clientes.
O consumidor consegue assim, uma melhoria na qualidade do serviço, porque sente que a sua importância foi reconhecida (pode-se fazer ouvir facil e rapidamente).
Com a interacção electrónica, os fornecedores conseguem recolher informações detalhadas dos gostos e necessidades, de cada um dos seus clientes, e automaticamente, fornecer produtos e serviços que se adequem a esses requisitos individuais. O melhor exemplo disto, são as publicações electrónicas que, além de excluir os artigos já lidos por determinado utilizador, contemplam o seu perfil, fornecendo apenas as notícias que sejam do seu interesse.
O consumidor beneficia porque tem acesso a produtos específicos, comparáveis com os fabricados por empresas especializadas, mas a preços de produção em massa.
O Comércio Electrónico permite reduzir as cadeias tradicionais de distribuição, de forma dramática. Há vários exemplos de empresas bem sucedidas, que enviam os seus produtos directamente para o consumidor final, curto-circuitando os tradicionais importador, grossista e retalhista. É claro que isso também se pode fazer com meios convencionais (catálogos impressos e encomendas postais ou telefónicas), mas o Comércio Electrónico permite uma distribuição directa muito mais eficiente, tanto em termos de custos, como em termos de atrasos no processamento.
Esta característica é ainda mais vantajosa, quando os artigos se podem enviar electronicamente, caso em que a cadeia de distribuição é eliminada por completo. As implicações são profundas para as indústrias: do entretenimento (cinema, vídeo, música, revistas, jornais); da informação e educação (incluindo todas as formas de publicação electrónica); e do desenvolvimento e distribuição de software.
O benefício associado ao cliente está na possibilidade de obter o artigo pretendido, de forma rápida e sem estar limitado ao stock disponível nos fornecedores locais.
Uma das maiores contribuições do Comércio Electrónico consiste em reduzir o custo das transacções. Se uma transacção comercial envolvendo interacção humana custar alguns dólares, a versão electrónica dessa mesma transacção custará alguns cêntimos. Assim sendo, qualquer processo comercial em que as pessoas interajam de forma rotineira, é um bom candidato a ser desenvolvido electronicamente, conseguindo-se reduções de custos e consequentemente de preços ao cliente.
O Comércio Electrónico permite, não só re-definir o mercado dos produtos existentes, mas também criar novas oportunidades de mercado, através de produtos e serviços sem precedentes. Alguns dos novos serviços que se podem apontar como exemplo, incluem: fornecimento e suporte de redes, serviços de directoria e de contacto (i.e. estabelecer o contacto inicial entre potenciais clientes e fornecedores), e todo o tipo de serviços de informação online.
Apesar de todas estas oportunidades e benefícios serem distintas, elas estão inter-relacionadas. Por exemplo, o aumento da competitividade e da qualidade do serviço pode ter origem na especialização em massa; e a redução da cadeia de distribuição pode fazer poupar nos custos e preços ao cliente.
Longe de ser uma única tecnologia uniforme, o Comércio Electrónico é caracterizado pela diversidade. Como ilustra a parte superior da figura 2, ele pode englobar uma grande variedade de operações e transacções comerciais, tais como :
Figura 2 - Âmbito do Comércio Electrónico
A parte inferior da figura 2, ilustra essa mesma diversidade, no que diz respeito às tecnologias de comunicação abrangidas pelo Comércio Electrónico, incluindo correio electrónico (e-mail), fax, EDI (electronic data interchange - transferência electrónica de dados) e transferência electrónica de fundos (TEF). Qualquer das tecnologias apresentadas pode servir de suporte ao Comércio Electrónico, sendo que cada uma delas é mais adequada a determinado contexto, que as outras.
A figura 2 também destaca a necessidade de um enquadramento legal e regulamentar bem definido, para todos os domínios do Comércio Electrónico, de forma que as transacções comerciais electrónicas sejam facilitadas e não dificultadas. Como a interacção global é uma das maiores oportunidades criadas pelo Comércio Electrónico, este enquadramento legal e regulamentar também deve ser de âmbito global.
Tal como ilustra a figura 3, o Comércio Electrónico pode ser conduzido a vários níveis, desde uma simples presença online, até ao suporte electrónico de processos partilhados por várias empresas (num ambiente de empresa extendida ou virtual).
E ao observar a figura 3, constata-se uma certa distinção entre transacções nacionais e internacionais. Essa distinção justifica-se, não por questões técnicas - já aqui se sublinhou a natureza global do Comércio Electrónico - mas por questões legislativas. O Comércio Electrónico é mais complexo a nível internacional que nacional, devido a factores como as cobrança de impostos, as leis contratuais, os direitos alfandegários, e as diferentes práticas bancárias entre países.
Os níveis mais básicos de Comércio Electrónico, dizem respeito a uma simples presença online, à promoção da empresa, ou ao suporte pré e pós-venda. Usando ferramentas e tecnologias largamente difundidas, estes níveis podem ser implementados rapida e economicamente, como podem testemunhar neste momento, milhares de pequenas empresas. Contrastando com esta situação, as formas mais avançadas de Comércio Electrónico envolvem problemas complexos, tanto a nível legal e cultural, como a nível tecnológico. Neste caso, não existem soluções bem definidas e as empresas são forçadas a desenvolver os seus próprios sistemas, limitando a exploração destes níveis ao pioneirismo das grandes empresas. No entanto, o tempo fará com que a fronteira, entre o que é vulgar e o que é complexo hoje em dia, se mova para os níveis superiores de Comércio Electrónico, à medida que cada vez mais soluções bem definidas forem estalelecidas e difundidas.
Figura 3 - Níveis de Comércio Electrónico
Para ilustrar a natureza da actividade em curso nos vários sectores da economia, apresentar-se-ão de seguida, vários exemplos bem sucedidos da aplicação do Comércio Electrónico.
A "Internet Bookshop" existe apenas como um site Web ou seja, não tem instalações físicas de venda. Especializada em livros técnicos, oferece actualmente mais de 780000 títulos. Ao visitar a iBS, os clientes podem navegar pelo site, pesquisar através de palavras-chave e obter informação detalhada acerca de cada título, incluindo um texto descriptivo, informação bibliográfica, índice, revisões e leitura sugerida. Também é possível encomendar e pagar os livros desejados, que serão entregues através dos canais internacionais, já estabelecidos pelos editores livreiros.
Para permitir a criação fácil de soluções comerciais na Internet a Solsuni criou a SimpleStore, uma Loja Virtual totalmente configurável, desenvolvida em Java. E por uma questão de coerência, colocou-a à venda numa Loja Virtual! Baseada no modelo do cesto de compras, esta loja a funcionar sobre um servidor seguro da Netscape, vende artigos relacionados com a Internet - browsers e servidores da Netscape e ambiente de desenvolvimento para Java. É possível adicionar e eliminar produtos do cesto, consultá-lo ou esvaziá-lo a qualquer instante, e proceder à compra através de cartão de crédito; tudo recorrendo a formulários online bastante intuitivos. Os produtos são entregues ao domicílio ou nos correios mais próximos.
Também existe somente na Web e oferece vinhos e comida requintada, a partir de pequenos produtores vinícolas da Califórnia. Os vários vinhos e comidas dispõem de informação online detalhada, além de se poderem fazer consultas a peritos, através de correio electrónico. Os clientes podem encomendar e pagar usando cartão de crédito ou dinheiro electrónico.
As encomendas são transferidas electronicamente do escritório da Virtual Vineyards em San Jose para o armazém em Napa Valley, acompanhadas das instruções de etiquetagem e outras (ex.: notas de prova). As entregas são processadas pela Federal Express, podendo acompanhar a sua evolução através do site desta empresa.
Há já algum tempo que vários bancos permitem a consulta de contas online. Aproveitando uma menor rigidez dos EUA no controlo da exportação de tecnologias de segurança, o Barclays permitiu aos seus clientes, aceder a partir dos seus computadores em casa, a todos os serviços bancários.
A "Electronic Share Information Ltd" oferece um sistema online de partilha de informação e trocas comerciais. Os clientes podem: ver o valor das acções da Bolsa de Londres e do índice FTSE 100, comprar e vender acções online via ShareLink, usar várias técnicas de análise e ferramentas de pesquisa, obter perfis de empresas e dicas de investimento, requerer notificação automática de flutuações nas acções, e obter avaliações de portfolio em tempo real. Lançado em Setembro de 95, este serviço conta já com 15000 utilizadores registados e atrai 1.25 milhões de visitas por mês.
Esta instituição de certa forma clássica, destaca-se por ser das primeiras em Portugal a explorar a Internet. Com informações detalhadas sobre os seus vários serviços - créditos, financiamentos, cartões e contas (entre as quais a Sub30 com acesso à Internet) - o site do BFE, além de informação institucional, tem espaço para foruns de discussão electrónicos, pequenos anúncios de compra, venda, ou troca, e lojas virtuais (apenas acessíveis aos clientes da Banca Jovem BBI/BFE). Estas funcionam segundo o conceito do cesto de compras e incluem discos da Valentim de Carvalho e material informático da Superlógica. Aproveitando a parceria com um banco, estas lojas estabeleceram uma forma de pagamento cómoda e segura - através de débito em conta, por parte dos clientes do banco, que têm uma password de acesso.
["cyber.net", nº 10, Abril de 96, página 21]
Esta empresa foi criada em Outubro de 95 para a Internet, ou seja, não existia previamente. Actualmente é o maior operador privado de Internet em Portugal, para o que contribuiu bastante a qualidade da sua infraestrutura de rede.
Situada nos dois principais segmentos de mercado - Individuais e Empresas - a IP aproveita muito bem o seu site para automatizar os acessos individuais. A Conta IP Classic pode ser subscrita online, num servidor seguro, e o esquema de pagamentos é muito cómodo - por cartão de crédito ou Multibanco. Na primeira opção, os pagamentos são efectuados automaticamente - quando se esgotar o crédito da Conta IP Classic do cliente ou findos 60 dias sobre o último pagamento, credita-se de imediato a conta por débito do cartão de crédito do cliente (de acordo com o Plano de Pagamentos que este tiver escolhido). Na segunda opção, os pagamentos são controlados pelo cliente, que deverá efectuar um pagamento, de acordo com o plano escolhido, sempre que o saldo da sua conta chegar a zero ou passarem 60 dias sobre o último pagamento.
Em qualquer momento o cliente poderá alterar os dados da sua Conta IP Classic (senha, endereço de correio electrónico, opção de pagamento, entidade a facturar, etc.), directamente no site da IP. Poderá também consultar informações relevantes (dados para pagamento por Multibanco, saldo ou movimentos da sua Conta IP Classic, etc.).
Este site de grande projecção internacional, "exporta" conhecimento sobre a hotelaria portuguesa e tira o máximo partido das características sem-fronteiras que a rede pode proporcionar às empresas. Claramente apostado no mercado estrangeiro, o Portugal Hotel Guide apresenta não só os casinos, campos de golfe, etc., mas também vários mecanismos de busca através dos quais se pode procurar o destino pretendido por região, localidade ou ordem alfabética. O mais interessante e, sem dúvida útil, está no Special Reservation Request, onde se pode preencher um pedido de informação sobre Portugal, inquirindo qual o melhor sítio para passar férias, lugares tranquilos, animação, etc.
["cyber.net", nº 9, Março de 96, página 20; "cyber.net", nº 12, Junho de 96, página 28]
O segundo exemplo de bom atendimento ao cliente também vem da área do turismo. A Top Tours é uma relativamente jovem empresa portuguesa (fundada em 1979), mas que se assume hoje, como o segundo maior grupo nacional de agências de viagens.
A melhoria das formas de atendimento ao cliente levou ao agenciamento de viagens via Internet. Houve, no entanto, o cuidado de articular o tradicional atendimento via telefone, fax ou contacto directo, com o atendimento via site, onde o cliente (português ou estrangeiro) pode sistematizar completamente o seu pedido ou pesquisa, através de formulários online. A mesma equipa de atendimento Top Tours, após a formação necessária, trata também das respostas via correio electrónico, com uma cordialidade admirável e num máximo de 60 minutos.
["cyber.net", nº 10, Abril de 96, páginas 19/20; "cyber.net", nº 14, Agosto de 96, página 35]
O site "Access HP" disponibiliza milhares de páginas de informação, incluindo dados institucionais da empresa, notícias, pontos de contacto espalhados pelo mundo, lançamento de novos produtos, e detalhes acerca da grande variedade de produtos e serviços da HP.
O site desta empresa líder da indústria dos plásticos, disponibiliza o leque dos seus produtos, perfis detalhados das propriedades de cada material, e instruções/recomendações para o desenho de aplicações que usem os materiais da empresa. Também há um passatempo online, chamado "Dica Técnica da Semana", onde qualquer visitante pode inserir uma dica de operação para os materiais da GE. A empresa selecciona as melhores dicas para inclusão nas páginas de "Dicas Técnicas Anteriores".
As equipas de engenharia da Ford, apesar de dispersas pelo mundo inteiro, colaboram no desenho de novos motores automóveis, através da sua rede privada de comunicações. O sistema de suporte ao desenho é a combinação de um sistema de videoconferência em tempo real, com um "quadro de desenho" partilhado. Qualquer participante de uma conferência de desenho, pode desenhar ou escrever no quadro, arrastar objectos para o quadro e editar os que lá se encontrem, ficando todas as alterações, visíveis de imediato aos outros participantes. Os tipos de objectos suportados incluem desenhos CAD, texto e vídeo.
A "Global Engineering network" é coordenada pela Siemens Nixdorf e tem participantes de vários países europeus. A GEN é um "mercado para o conhecimento de engenharia", que junta os fornecedores de componentes e aqueles que os usam na concepção dos seus produtos finais. Os fornecedores disponibilizam informação técnica detalhada acerca dos seus componentes (talvez incluindo desenhos CAD a 3D) e os clientes potenciais procuram os componentes que melhor se adequem ao seu produto acabado, experimentando a incorporação desses componentes, nas fases iniciais de desenho dos seus produtos.
Trata-se de um sistema bem sucedido de suporte ao Comércio Electrónico negócio-negócio , composto por três elementos principais - altius, citius e fortius. O Altius é um catálogo electrónico de artigos de escritório e para a indústria. O Citius é um sistema de tratamento de transacções comerciais. O Fortius suporta pagamentos electrónicos através de EDI, e é usado, não só para o pagamento dos artigos seleccionados no Altius e transaccionados no Citius, mas também para transacções de rotina, como o pagamento de pensões e seguros. O citiusNet é um serviço multilingue disponível internacionalmente. Os sistemas foram desenvolvidos pela DDP de Lyon, França, com a colaboração de vários parceiros da Espanha, Bélgica, Alemanha e Itália.
A DDP está a planear a extensão dos seus serviços para oferecer suporte empresarial em geral ("Intermediação"), tratando de todas as operações de rotina (banca, administração, fundos de pensões , etc.), em benefício dos seus subscritores, para que estes se possam concentrar nos seus verdadeiros negócios.
Criado pela Taboada & Barros (uma empresa da Madeira), o MadInfo Pro é um sistema global de informação, que não só permite ter o controlo completo das comunicações internas de uma empresa, como também com todos os seus clientes, fornecedores ou associados. Quando a empresa pretende disponibilizar serviços de forma aberta ao grande público, pode dispor de um espaço de promoção na Internet.
A este "escritório virtual" só têm acesso os colaboradores definidos pelo cliente gestor do mesmo, o que o torna um sistema fechado - totalmente inviolável via Internet. Funcionando num browser de Internet próprio, o First Class Client, este sistema é ideal para empresas com altos custos de comunicações, porque o emissor não tem que expedir tantas mensagens quantos os receptores finais, basta enviar uma única mensagem, que será lida por quem o emissor pretender. O MadInfo Pro permite ainda que sejam criadas conferências virtuais para comunicar directamente, em tempo real.
["cyber.net", nº 11, Maio de 96, página 22]
Dedicada à informação jurídica e fiscal desde 1989, a Jurinfor resolveu, a partir de Agosto de 95, apostar num site Web bastante interactivo, para a divulgação e comercialização dos seus produtos - pacotes de software e de bases de dados próprias. Assim, desde o IRScalc® (software muito popular para cálculo do IRS), até às bases de dados jurídicas da família Lex, estão disponíveis versões de demontração e actualizações na área de downloads do site.
No entanto, é o serviço de consulta ao Diário da República Portuguesa - o LexData® Online (actualizado diariamente) - que tira mais partido das funcionalidades do site, já que permite aceder a muita informação (desde 1970), através de formulários bastante acessíveis. Cada cliente pode optar pelo sistema de acesso pontual ou mensal (consultas esporádicas ou intensas) e terá uma conta corrente de registo online e protegida por password, no servidor de informação da Jurinfor. Todas as buscas são gratuitas e em número ilimitado. Só o serviço de visualização dos resumos e de download do texto integral será debitado na conta corrente do cliente, que para o efeito, deverá creditá-la através de cheque, transferência bancária ou cartão de crédito.
O jornal de maior audiência nacional iniciou a sua presença online no Verão de 95. A Edição Electrónica do "Jornal de Notícias" contém parte da versão em papel deste diário da região norte Portuguesa; e tenta chegar a mercados inexplorados até à data - a comunidade lusófona espalhada pelo mundo.
No Jornal de Notícias Electrónico existem as edições do dia (a principal, actualizada diariamente à meia-noite; e as "Últimas Notícias", disponíveis a partir das 17 horas) e ainda as edições dos seis dias imediatamente anteriores. Além disso, o JN online tem: Fóruns de Discussão, Esquina JN (ponto de encontro para trocar mensagens), A Sua Notícia (textos dos leitores), o Bloco (a informação de urgência - farmácias, hospitais, bombeiros, polícias, aviões, etc.), informação dos locais de venda da edição tradicional do JN, press-releases, uma lista de endereços e-mail e de URLs lusófonos, e ainda páginas temáticas.
Com um volume de publicidade sem rival no país (em termos de facturação activa), o JN vem aproveitar a sua versão electrónica, para comercializar, não só os anúncios classificados em ambas as edições, como também a inserção de publicidade na edição electrónica.
Os jornais "The Times" e "The Sunday Times" passaram a ser publicados, também online, de forma completa e com acesso gratuito. Usando as facilidades interactivas do novo Times, os utilizadores do serviço online podem adaptar o jornal aos seus interesses e gostos pessoais ou pesquisar determinadas palavras-chave nas edições passadas.
O Sr. Jeroen de Kreek, um advogado de Amsterdão, disponibiliza um serviço de resposta a questões legais, disponível 24 horas por dia. Os utilizadores deste serviço são conduzidos através de uma hierarquia de menus, que os ajuda a formular a sua questão como uma mensagem em texto. Então, o Sr. de Kreek responde a esta questão, normalmente em duas horas. A resposta à primeira pergunta é grátis mas as seguintes acarretam uma cobrança.
A "Global Tradepoint Network" é uma grande rede de informação empresarial, desenvolvida no âmbito do Programa de Eficiência das Transacções Electrónicas suportado pela ONU. Fornece informação comercial relativa a vários países do mundo, através de interfaces a bases de dados nacionais já estabelecidas. Essa informação pode cobrir, por exemplo, dados de mercado, alternativas e preços de transportes, dados relativos a seguros, disponibilidade de crédito, requisitos alfandegários, e regulamentações de importação/exportação. Mais ainda, através de um sistema de "oportunidades de transacção electrónica", a rede serve de local de encontro para vendedores e compradores do mundo inteiro. Potenciais compatibilidades entre vendedores e compradores são identificadas, quer usando detalhes geográficos, quer através da informação acerca dos produtos oferecidos ou requeridos. Esta última, expressa-se usando os códigos das Tarifas Alfandegárias Harmonizadas. Após detectar uma compatibilidade negocial, quem compra e quem vende estabelecem contacto directo para o prosseguimento da negociação.
Opera em cerca de 540 supermercados no Reino Unido. A empresa tem um sistema de "encomendas baseadas nas vendas", em que a informação da venda dos produtos em cada supermercado, obtida através da leitura dos scanners das caixas, é enviada electronicamente para o Centro de Controlo de Armazenamento. Aí, os computadores determinam quais os artigos que precisam de ser re-abastecidos num dado supermercado, e enviam essa informação ao armazém Tesco que o abastece. Para os casos em que a Tesco não faz stock de produtos, as encomendas são geradas automaticamente e enviadas via EDI, aos respectivos fornecedores. E aquando da recepção no armazém Tesco local, esse stock de substituição é enviado imediatamente para os supermercados adequados. 24 horas após a venda de um artigo ele é reposto na prateleira. O sistema de re-stockagem baseia-se nas communicações electrónicas e na colaboração próxima entre a Tesco e os seus fornecedores, que na realidade são parceiros na partilha do processo de recolocação de inventário.
Apesar do Comércio Electrónico continuar a crescer, existem alguns aspectos a refinar, de forma a aproveitar o seu máximo potencial.
Potencialmente, as redes globais tornam tão fácil, negociar com um parceiro do outro lado do mundo, como com um do outro lado da rua. No entanto, o meio de comunicação por si só, apesar de necessário, está longe de ser suficiente. Como é que empresas de diferentes continentes, tomam conhecimento umas das outras e dos produtos pretendidos? Como é que uma empresa pode aceder às regras de conduta empresarial de determinado país, quando grande parte delas nem sequer estão escritas? E como é que se pode respeitar e suportar a diversidade linguística e cultural de determinada comunidade de utilizadores? Estas e outras, são questões que se inserem no capítulo da globalização - tornar realidade o Comércio Electrónico verdadeiramente global.
Imagine que uma empresa tailandesa consulta o catálogo online de uma congénere russa e lhe encomenda alguns produtos, recebendo-os e pagando-os electronicamente. Este cenário simples levanta algumas questões fundamentais, ainda por resolver. Em que momento foi estabelecido um contrato vinculativo entre as duas empresas? E qual o estado legal desse contrato? Que entidade tem jurisdição sobre ele? Dadas as diferentes regras e práticas financeiras, como é feito e confirmado o pagamento? Que impostos e encargos aduaneiros se aplicam aos produtos? E como é que eles são fiscalizados e cobrados? Poder-se-iam evitar recorrendo a um intermediário electrónico num terceiro país?
Particularmente para os artigos distribuíveis electronicamente e que por isso, podem ser copiados facilmente, a protecção dos direitos autoral (copyright) e da propriedade intelectual, representa um grande desafio.
O Comércio Electrónico sobre redes abertas requer mecanismos efectivos e confiáveis para garantir a privacidade e a segurança das transacções. Estes mecanismos devem suportar a confidencialidade, a autenticação (i.e. permitir que as partes envolvidas numa transacção se certifiquem da identidade uma da outra), e a não-repudiação (i.e. garantir que as partes envolvidas numa transacção não possam, subsequentemente, negar a sua participação). Como os mecanismos reconhecidos de privacidade e segurança dependem da certificação por parte de uma terceira entidade (governamental, por exemplo), o Comércio Electrónico para ser global, necessitará do estabelecimento de um sistema de certificação, também ele global.
Para atingir o máximo potencial do Comércio Electrónico é necessário que o acesso seja universal, ou seja, que cada empresa ou consumidor possa aceder a toda e qualquer organização comercial, independentemente da localização geográfica ou da rede específica a que essa organização estiver conectada. Isso requer a existência de normas universais para a interconexão e interoperação de e entre redes.
Um dos factores que pode limitar a emergência do Comércio Electrónico é a falta de consciencialização para o mesmo. Existe o perigo de muitas empresas (principalmente PMEs) ficarem para trás e em situação de desvantagem, simplesmente por desconhecerem as possibilidades e oportunidades do Comércio Electrónico. Portanto, torna-se urgente consciencializar a sociedade em geral, e o mundo empresarial em particular, para os benefícios do Comércio Electrónico, tal como divulgar exemplos da sua aplicação, e providenciar treino e formação.
Várias das questões identificadas acima, requerem soluções a nível global. Daí que os agentes responsáveis pela sua resolução e pela promoção do Comércio Electrónico como um todo, devam incluir entidades de âmbito multi-nacional. Similarmente, os governos nacionais devem agir no sentido de remover as barreiras existentes e assegurar a livre concorrência; e os representantes dos vários sectores da sociedade, devem promover a consciencialização e as aplicações práticas do Comércio Electrónico. Finalmente, não se podem esquecer os agentes tecnológicos e as empresas e consumidores em geral, nas suas acções de desenvolver, adoptar e explorar o Comércio Electrónico. A tabela 2 resume os agentes envolvidos e as suas acções desejáveis.
Colectivamente, estes agentes devem realizar todas as acções da tabela 2. Cada um deles tem alguma responsabilidade por várias acções e reciprocamente, cada uma das acções é partilhada por vários agentes.
agentes | acções |
---|---|
entidades multi-nacionais governos nacionais representantes dos sectores fornecedores de tecnologia empresas consumidores |
moldar a Sociedade da Informação remover barreiras globais garantir livre concorrência remover barreiras nacionais promover consciência e adopção providenciar tecnologias de suporte re-organizar o negócio adoptar as tecnologias agarrar as oportunidades |
Este documento introdutório deu ênfase ao conceito geral de Comércio Electrónico, como veículo que vem revolucionar o mundo os negócios. Destacou a importância de adoptar uma perspectiva global para esta matéria; e deixou antever que o seu impacto será profundo, tanto nas empresas, como na sociedade em geral.
Apesar de haver uma série de questões em aberto, o Comércio Electrónico já está em curso e desenvolve-se rapidamente. É essencialmente uma revolução da base para o topo. Empresas do mundo inteiro, começam por estabelecer a sua presença online numa rede aberta e global, e à medida que vão aprendendo com a experiência, vão avançando para usos mais sofisticados das tecnologias. Apesar dos níveis mais avançados de Comércio Electrónico, apresentarem grandes desafios, os mais básicos estão completamente definidos e existem soluções largamente difundidas para a sua implementação.
A melhor maneira de ganhar mestria, num tema tão vital para os futuros mercados, como é o Comércio Electrónico, é desenvolvê-lo hoje.